Ainda pouco conhecido fora da Itália, o Vin Santo é um vinho doce muito tradicional na Toscana. De cor âmbar, mais ou menos intensa, envelhecido, é um vinho elaborado com as uvas Trebbiano e Malvasia e faz parte da boa mesa dos cidadãos dessa típica região italiana. O Vin Santo também pode ser produzido com a uva Sangiovese, sendo chamado nesse caso, de Vinsanto Occhio di Pernice.

Este vinho de sobremesa se encaixa na classificação de vinho passificado, a qual suas uvas permanecem secando, após a colheita, sobre esteiras, ou penduradas em ganchos, até perder o líquido de dentro do fruto e aumentar a concentração de açúcar. O lugar que abriga essas uvas durante o processo de desidratação é chamado de “vinsantaia”.

Após o processo de secagem, as uvas são prensadas e o mosto é transferido para pequenos barris, chamados de “caratelli”. O mosto vai para uma barrica que recentemente foi esvaziada de Vin Santo de safra anterior, tomando o cuidado de manter em seu interior um pouco da borra da última safra. Esta borra leva o nome de “mãe” do Vin Santo, pois acreditam que sua presença é essencial para a qualidade do vinho.

A oscilação térmica do calor do verão e do frio do inverno é essencial para a lenta fermentação do vinho. Por isso, após serem lacrados, os caratelli permanecem no sótão da casa patronal para envelhecimento. Para alcançar um padrão suficiente de qualidade, este envelhecimento dura pelo menos três anos, podendo se estender, em alguns casos, por mais de dez anos.

Os vários tipos de Vin Santo:

  • Vin Santo del Chianti DOC
  • Vin Santo del Chianti Classico DOC
  • Vin Santo del Chianti Classico Occhio di Pernice
  • Vin Santo di Carmignano
  • Vin Santo di Carmignano Occhio di Pernice
  • Vin Santo Montepulciano DOC
  • Vin Santo Montepulciano Occhio di Pernice

Um casamento perfeito

A harmonização com Vin Santo é uma das mais clássicas da Toscana. Dificil encontrar um restaurante que não ofereça em seu menu o Vin Santo com Cantucci. O Cantucci é um biscoito de amêndoas muito consumido na região. Por ser um pouco duro quando consumido sozinho, a maneira mais usual de apreciá-lo é molhando o biscoito no vinho, para deixa-lo mais macio e acentuar seu sabor.

Mas não é apenas com o cantucci que se degusta o Vin Santo.  Puro ou acompanhando um queijo pecorino, queijo de ovelha típico da Toscana, é uma imperdível sugestão de harmonização.

O nome Santo

Existem várias teorias a respeito da origem do nome. A versão que circula em Siena fala de um frade franciscano que em 1348 curava as vítimas da praga com um vinho que era habitualmente usado pelos frades para celebrar a missa, e logo a crença  de que este vinho tinha propriedades milagrosas se espalhou, ganhando, dessa forma, o nome de santo.

Outra versão vem de Florença, e diz que durante o Concílio de Florença de 1439, o arcebispo grego Giovanni Bessarione anunciou, enquanto estava bebendo o vinho pretto (de acordo com o dialeto local da época, pretto era um vinho puro, não misturado com água): “Este é o vinho de Xantos!”. Provavelmente tenha se referido ao vinho grego feito com uva passa, na ilha de Santorini, mas os convidados devem ter confundido a palavra Xantos com santos, e, a partir daquele momento, foi como o tal vinho passou a ser chamado.

Mas, provavelmente a versão mais plausível desse nome é a menos romântica. A de que o nome se deve pelo fato do Vin Santo ser frequentemente utilizado durante a missa.

Fotos: Divulgação

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