O mundo das borbulhas é cheio das peculiaridades. Prosecco, Asti, Sparkling, Franciacorta, Cavas ou Champagnes. Como e o que escolher?

Primeiro há que se respeitar o paladar. Os amantes do sabor adocicado vão direto para os espumantes Moscatel ou os italianos Asti. Outros já preferem os Proseccos, com sua acidez e frescor pronunciados. Mas, entre Champagnes e as Cavas, qual a diferença?

Começamos pela Champagne

A região de Champagne fica a cerca de 145 Km de Paris, mais para o norte. É uma região de colinas de, no máximo, 360 metros de altitude. O clima é frio e úmido, solo calcário, com índice pluviométrico de 600 mm.  Isto significa que temos uma boa acidez e mineralidade na fruta.

Divide-se em 17 Grand Crus e 43 Premier Crus.  As uvas categoricamente utilizadas na elaboração são a Chardonnay, Pinot Meunier e Pinot Noir – estas duas últimas tintas.  Quando se quer um champagne mais cremoso o percentual de Chardonnay é maior. Do contrário, quando se quer um champagne mais austero o percentual de Pinot Noir prevalece.

O método champenoise ou tradicional de elaboração é o único aceito na região, sendo que o tempo mínimo de contato do espumante com as leveduras deve ser de 15 meses. Já para os Millésimes são três anos no mínimo.  

Assim os tipos de Champagne de acordo com a maturação são:

Millésimes ou Vintage – um vinho de 100% de uvas de uma colheita excepcional que  pode ser armazenado de oito a dez anos;

Cuvée – um assemblage dos melhores vinhos base da casa.

Cuvée de Prestige – É sempre o melhor produto da casa feito por um assemblage de vinhos base selecionados.

Algumas dicas especiais… 

→ A Krug é a única das grandes casas de champagne que  fermenta seu vinho  base em tonéis de carvalho;

→ A Pol Roger é a preferida dos ingleses, justamente, porque na sua vinificação prevalece em percentual maior a Pinot Noir;

→A Billecart – Salmon é uma das pequenas casas que vinificam também em tonéis de madeira de 10 anos, via de regra, e seu rótulo mais vendido tem a Pinot Noir vinificada em tinto.

→As melhores safras de Champagne foram 1990, 1996, 2002, 2008.

Cava

Cavas são espumantes espanhóis produzidos na região da Catalunha. Precisamente na DO Penedès Central, numa localidade chamada Sant Sadurni d`Anoia – capital da produção do CAVA.  Aqui, DO é muito mais um estilo de elaboração do vinho do que uma região, até porque, elaboram-se CAVAS também em outros locais como Extremadura, Valencia, Rioja e outros.

O nome CAVA passou a ser obrigatório em 1972 e passou a simbolizar, de certa forma, a região.

O método de elaboração deste espumante é o mesmo do champanhe. O que diferencia são as uvas utilizadas, embora a Chardonnay e a Pinot Noir, sejam hoje admitidas e bem utilizadas, as uvas autóctones tradicionalmente usadas na elaboração dos cavas são: Macabeo, Parellada, Xarel-lo e a Trepat – uva que dá corpo e coloração ao roses.

Como a Pinot Noir e a Chardonnay foram admitidas recentemente, hoje as Cavas concorrem ainda mais com os champanhes. Há aqueles que reclamem que o uso das uvas francesas descaracterizaria o espumante espanhol, mas as grandes casas produtoras hoje já superaram esta celeuma.

Assim como os champanhes, o espumante espanhol deverá permanecer um determinado tempo em contato com as leveduras. Para os Cavas este tempo determina o seu padrão.

Cava – no mínimo 9 meses em contato com as leveduras

Cava Reserva – mínimo 15 meses em contato com as leveduras

Cava Gran Reserva – no mínimo 30 meses em contato com as leveduras com indicação de safra.

É interessante lembrar que foram os espanhóis da vinícola Freixenet que criaram a GIROPALET.  Esta máquina revolucionou o remuage – processo de girar a garrafa lentamente em ¼ com o gargalo para baixo a fim de que as leveduras se depositem sobre a tampa para efetuar o degórgement.

A casa Raventós i Blanc que produz apenas 600 mil garrafas optou por fazer parte de uma nova designação que seria a Conca Del Rio Arnoia.  Seria uma nova região, ao leste de Penedès, onde seria permitido apenas a elaboração do espumante com uvas autóctones, a partir de vinhedos orgânicos, com vinhas de dez anos no mínimo e, com um tempo mínimo de contato das leveduras com o vinho em 18 meses.

Confesso que tenho uma Raventós I Blanc – Conca de Riu Anoia 2011 muito bem guardada na adega. A ideia é abrir no seu oitavo ano, ou seja, 2018, justamente para verificar o potencial de guarda. 

Mas, enquanto não abro esta garrafa, vou me encantando com algumas outras que gosto muito como a Juvé Y Camps Gran Reserva, Gramona Imperial, Cordoniu, Freixenet Reserva Real.  Os Cavas têm mais aroma de frutas e também são mais em conta financeiramente.

Fotos: Divulgação


Meriane Sander

Meriane Sander é advogada e depois de 20 anos dedicados à carreira jurídica, decidiu se aperfeiçoar e seguir carreira de sommelier. “Este universo é tão fascinante e complexo, nunca paramos de estudar. A grande vantagem é que nosso material de estudos é extremamente prazeroso e extenso”, comenta Meriane.

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