Nos anos 20, Rudolf Steiner fundou a filosofia biodinâmica para agricultura em geral – mesmo porque Steiner era abstêmio. Esta, progressivamente, influenciou todo o processo vitivinícola, incluindo a indústria.

Muitas das práticas biodinâmicas vêm da agricultura primitiva proibidas na época da inquisição, por acreditarem que fossem bruxarias. Até mesmo o próprio conceito do cosmo era, ainda, que só no campo lunar, seguido pelos nossos avós. Steiner reuniu os conceitos dando uma ordem filosófica e esotérica na questão.

O grande produtor Nicolas Joly, grande defensor da biodinâmica na viticultura, produz vinhos maravilhosos no Vale do Loire.

Um verdadeiro agricultor biodinâmico deve constituir com a terra que trabalha um organismo de identidade própria, onde a natureza (solo, plantas e animais) bem como o cosmo, fases lunares, etc, devem ser respeitados e seguidos. Esta agricultura é autossustentável, sempre observando a origem deste solo deixando que a natureza atue. Por exemplo, se naturalmente existem frutos ou ervas no meio de uma cultura, quer dizer que aquelas plantas renderão equilíbrio ao todo.

Bem, até aqui parece tudo claro, até normal. Mas quando a situação vai mais além, e é comprovada em uma degustação respeitando todo este sistema, a coisa fica um pouco mais, vamos dizer, interessante.

Afirma-se que os aromas e sabores dos vinhos mudam segundo a fase lunar. Na agricultura biodinâmica, os ritmos dos ciclos lunares influenciam na preparação e o uso do composto para o terreno, consequentemente, no futuro vegetativo da planta. Então se pensa que o vinho na fase de gustativa tenha uma relação com estes ciclos.

Um estudo suíço realizado por 21 anos e reportado em “Soil fertility and biodiversity” em maio de 2002, que compara a agricultura convencional e o universo BIO, afirma que agronomicamente tem mais fertilidade no primeiro, mas especificamente na viticultura. Em “Soil and Wine grapes em biodinamically and organically managed vineyards”, de 2005, declara-se que a qualidade do fruto não é influenciada pelo sistema aplicado, e no vinho não se encontram substâncias diferentes nos parâmetros físicos, químicos e biológicos  .

Mas uma senhora chamada Maria Thun afirma e prova o contrário. Maria efetuou degustações em 1966 com as fases lunares, especificando que o vinho é melhor degustado nos dias bons, isto é, nos dias de produção de frutas e flores, ao contrário dod dias ruins, isto é, dias de folhas caindo e de raízes. Nestes dias os vinhos ficam diferentes. Um exemplo: os vinhos são mais tânicos nos dias de folhas e raízes, enquanto são mais frescos e perfumados nos dias de flores e frutos.

Para saber mais sobre o argumento, é só consultar Maria Thun “When wine tastes best 2014: A biodynamic calendar for wine drinkers”.

Fato é que esta moda está pegando na Europa! No sentido que as degustações dos Biodinâmicos respeitam o calendário degustativo. Devo dizer que comparando vinhos conhecidos notei uma diferença notável.

Fotos: Banco de imagens


Sonia Petri

Sonia Petri é enóloga e sommelier pela Scienze Vitticole ed Enologiche – Universitá degli Studi di Milano e A.I.S. Associazione Italiana Sommelier-Lombradia-Corso di Sommeliers. Desenvolveu estágios e imersão de estudos em várias regiões produtoras de vinhos, entre elas: Alsácia, Calábria, Sicilia, Langhe, Montalcino, Valdobbiadenne, Château d’Isenbourg e Bordeaux – Château Haut Laffite.

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