É fascinante como o Chile vem se apresentando nos últimos anos, desbravando fronteiras, descobrindo novos terroirs, ousando nas escolhas de suas variedades. E grande parte desse movimento de vanguarda se deve a uma pessoa: Aurélio Montes. O fundador, a mente criativa dessa vinícola que é referência mundial há mais de 40 anos quando o assunto são vinhos premium. Seu conhecimento e dedicação a sua terra e ao seu país é um legado inegável a história vinícola do país.

Aurelio Montes é um dos mais influentes enólogos do Chile, um verdadeiro bandeirante do vinho chileno. Sua história na enologia passou pela Undurraga e pela gigante San Pedro, mas foi quando partiu para seu voo solo que seu nome ficou marcado no mundo do vinho. Hoje, seu legado se estende por regiões diversas e pelo seu pioneirismo. Foi o primeiro a se aventurar pelo Atacama, por Zapallar, com seus magníficos vinhos brancos, também foi pioneiro na Patagônia Chilena, além de ser um dos primeiros chilenos a investir na Argentina com a Kaiken.

Em passagem bela belíssima Viña Montes, tive o privilégio de visitar e participar de uma degustação guiada pelo mestre Don Aurelio. Nesta entrevista, seu filho Aurelio Jr participa junto de seu pai, mostrando como o legado da Viña Montes estará seguro por gerações.

Por Elis Cabanilhas

Deve ser uma grande satisfação para o senhor, Don Aurélio, ter o seu filho ao seu lado.

Aurélio Montes – Sim, é uma grande satisfação. E espero que isso continue por muito tempo. Geralmente empresas familiares tem um tempo de vida curto. Como diz o ditado, a segunda geração gasta o que a primeira acumulou e a terceira já não tem mais nada. Brincadeiras a parte, nós temos um forte propósito, eu e Aurelio Jr, dessa continuidade, para que essa vocação familiar que se estenda por gerações. Assim como acontece com Antinori que a família está a frente da empresa por 700 anos.

Don Aurelio, o senhor foi um visionário cruzando os Andes como um Kaiken, criando um projeto vinícola na Argentina. O que levou o senhor a criar este projeto do outro lado dos Andes? E por que a Argentina? O senhor chegou a considerar outros países?

Aurelio Montes – Isto aconteceu em 2002, quando já estávamos bastante consolidados com a Montes. E como sempre fui muito inquieto, não queria ficar sentado acomodado, entendi que era a hora de explorar o mundo. Já que aqui no Chile já temos vinhedos em Apalta, Marchigue, Zapallar, queria explorar algo. Pensamos em Austrália, Nova Zelândia, Napa Valley (EUA), onde acabamos indo, já que temos um vinho em Napa também, mas a Argentina era algo mais natural, estamos próximos da Cordilheira, é mais fácil estar lá, além da loucura do mundo pela Malbec que estava acontecendo naquele momento, fomos aproveitar a sua fama internacional, o mundo aprecia seus vinhos. E, naquele momento, ainda não tinha muita gente exportando vinhos, então decidimos ir para lá porque sabemos que eles têm uma boa viticultura, uma boa enologia e nós sabemos fazer vinho bom. Por isso, Argentina! Mas veja, a Argentina é um país muito curioso. É um país com uma inflação de 100%, corrupto, mas outro lado tem Messi, tem o pólo, o Papa, gastronomia, Evita Péron, eles têm tudo! Eu os odeio (risos). Se não é possível ganhar deles, então vamos nos juntar a eles!

Aurélio Jr, em que momento você se uniu a este projeto na Argentina? Como está a Kaiken hoje?

Aurelio Jr – Kaiken hoje? Argentina e Kaiken sempre foram uma aventura muito divertida, mas ao mesmo tempo desafiadora. Kaiken nasceu em 2002 e viajei para a Argentina para assumir a direção da vinícola em 2011. Desde que cheguei a Argentina o foco era dar-lhe autonomia absoluta, desassociar de seu “pai” Viña Montes e isso aconteceu! Hoje, Kaiken é uma conhecida vinícola de Mendoza, autônoma e de caráter 100% argentino, onde são produzidos vinhos puros com muita personalidade local.

Aurelio Jr, você sentia que fazia parte do seu destino compartilhar profissionalmente suas experiências com a família nos projetos paralelos ao Chile? Afinal, você viajou mundo afora para expandir seus conhecimentos no universo do vinho, não é? O que essa vivência agregou em experiência para o seu trabalho?

Aurelio Jr – A vida sempre nos mostra que os destinos se constroem com a experiência da vida. Quando comecei no mundo do vinho, comecei a trabalhar por quase 10 anos em diferentes vinícolas pelo mundo e não tinha nenhuma intenção de trabalhar na Viña Montes. Trabalhar em família pode ser maravilhoso, mas envolve muitos sacrifícios pessoais e conflitos que é preciso saber gerir. Por isso, quando era um jovem enólogo não quis trabalhar na Montes e preferi construir o meu próprio caminho. Mas, com o amadurecimento, percebe-se que o valor da família está acima de tudo e foi aí que decidi começar a trabalhar na Viña Montes.

A experiência de viajar abre-nos um mundo de compreensão, onde deixas de olhar para o umbigo e percebes o quão difícil é vender um vinho e que se queres destacar-te tens de ser consistente e capaz de demonstrar a melhor cara do terroir onde você está localizado.

Como é para vocês trabalharem juntos hoje? Como vocês dividem suas funções na Montes?

Aurelio  Montes – Aurelio evoluiu muito como enólogo, apesar de cada um de nós termos um estilo, temos uma proximidade, mantemos uma mesma linha de enologia. As pessoas ao comprarem um vinho da Montes precisam encontrar uma linearidade. Aurelio Jr está bem presente no dia-a-dia da bodega. Eu estou mais presente no processo de degustação quando o vinho já está pronto, na colheita. Estou muito próximo de Aurelio e dos outros enólogos no momento que definimos os cortes, os blends. Além disso, algo que tenho dedicado muito tempo são para as viagens. Viajo o mundo todo durante todo o ano. As pessoas associam a minha imagem como proprietário da vinícola e é importante essa proximidade.

Aurélio Jr – Trabalhar com o meu pai é um enorme prazer e formamos uma bela equipe. Aqui, mais do que dividir funções, trabalhamos juntos ouvindo uns aos outros e tomando boas decisões juntos.

Seria o vinho Wings a materialização dessa união? Um vinho criado e idealizado por vocês dois? Como se deu esse processo?

Aurelio Montes – Aurelio Jr e eu trabalhamos juntos há muitos anos, estamos sempre trabalhando em equipe. Então foi algo natural. Nós temos um estilo parecido, mas em algumas coisas somos diferentes. Ele tem uma mente mais jovem, uma vontade de fazer vinhos mais fáceis, mais simples. Eu, todavia, já tenho uma escola bordalesa, gosto muito de vinhos que tenha essa estrutura, elegância e finesse. Tanto que neste vinho exploramos o melhor desses dois mundos. É um vinho 85% Carménère, que está maravilhoso, pelo solo que é produzido, e também temos 15% de Cabernet Franc. Cabernet Franc é uma variedade que gosto muito, porque entrega taninos suaves, mas estruturados, além de uma estrutura de aromas muito séria. É uma combinação muito interessante.

“Wings é um vinho criado por nós dois, um vinho que, como diz o seu slogan, é preciso ter asas para voar. Aqui, combinamos a experiência de duas gerações para fazer um vinho altamente complexo e harmonioso”, Aurelio Jr.

E por que um Carménère para este vinho ícone entre vocês?

Aurelio Montes– Tem uma história divertida nessa escolha. Eu gosto muito de Carménère, Aurelio Jr de Cabernet Franc, quando encontramos no vinhedo uma uva (Carménère) que seria menos musculosa do que procuramos para produzir um Purple Angel, entendemos que já seria uma opção fantástica por si só. Eu achava que só essa Carménère bastava, mas Aurelio insistiu no corte com a Cabernet Franc. E esse blend, numa degustação às cegas com vários exemplares de possíveis vinhos, no final, esse corte com a Cabernet Franc foi o que realmente mais gostei. É um vinho que em garrafa vai evoluir fantasticamente bem. Aurélio Jr me fez um gol!

Aurelio Jr – Carménère é uma das variedades mais surpreendentes, mas ao mesmo tempo, difícil de produzir, que por sua vez representa a identidade do Chile. Escolhemos a Carménère, porque encontramos estas parcelas plantadas em condições extremas de grande declive e altura que nos permitiram produzir um vinho diferente e moderno.

Eu percebo que o brasileiro ainda é muito reticente com a Carménère. Por que a esta uva é tão preteria no Brasil?

Aurelio Montes – O grande problema do Chile é que por muito tempo trabalhou muito mal com a Carménère. Por muito tempo ela estava misturada com a Merlot no vinhedo e isso no final não se acabava bem. Mas quando passamos a separar a Carménère no vinhedo começamos a entendê-la melhor. Para você ter uma ideia, após o ataque da Filoxera, os franceses não quiseram plantar novamente esta variedade lá, recuperaram várias espécies, mas não quiseram mais a Carménère. Mas no Chile, com este clima e solo maravilhoso ela se desenvolveu bem. Nos primeiros anos, erramos muito, plantamos no lugar errado, vinificamos de maneira equivocada e acabou-se por produzir um vinho que não era bom, que não eram atrativos. E logo mais, quando descobrimos o potencial dela, começou a surgir grandes vinhos de muita qualidade: o Purple Angel, Carmin de Peumo, Kai de Chadwick. Agora o mundo está reconhecendo esta uva. Hoje, a variedade que mais cresce no Chile é a Carménère. Não temos muitos vinhos de entrada de Carménère no Chile, ele já parte de um nível mais alto, mas as pessoas já estão se dando conta que o Chile é um terroir incrível para esta variedade. Em alguns países como o Brasil, realmente ainda há uma resistência, mas estamos mudando isso.

“O Purple Angel tem um dado que representa muito. Dentro dos vinhos ícones chilenos, por si só, o Purple Angel vende igual a soma de todos os vinhos ícones de todas as vinícolas chilenas juntas. Se você soma Alma Viva, Lapostolle, Chadwick…, é igual a venda do Purple Angel”, Aurelio Montes.

O Chile está passando por um momento muito interessante no que diz respeito a enologia atual. O resgate de técnicas ancestrais de vinificação, o cultivo de variedades pouco comuns no país até então, jovens enólogos trazendo ares de um “novo Chile”. Seria a linha Outer Limits o posicionamento da Montes para este mercado? Nos conte um pouco mais sobre esta linha?

Aurelio Montes – Nessa linha Outer Limits, neste espírito aventureiro e inovador, buscamos produzir vinhos em lugares onde ninguém produz. Em Zapallar, somos os únicos, em Chiloé, inovamos em Apalta. Nessa linha buscamos o diferente, com variedades diferentes, produzindo onde ninguém faz vinhos. É uma proposta para pessoas jovens, que nos permite mostrar nosso lado inovador. Um lado que muitos não se atrevem a fazer. Não tememos nada, vamos onde queremos e plantamos o que queremos.

Aurelio Jr – O Chile é um país diverso e muito complexo, onde você pode encontrar solos e climas para centenas de variedades. Para mim, todos esses vinhos ancestrais e variedades como País fornecem um pouco mais de diversidade para os vinhos chilenos, mas é um nicho muito pequeno que cumpre seu papel. O novo Chile fala de vinhos de alta qualidade, localizados em áreas tradicionais e também em áreas novas. A nossa linha Outer Limits quer mostrar os limites do nosso terroir, como um Sauvignon Blanc de uma zona nova e extrema, ou um Cinsault de Itata ou um Syrah de uma zona fria, gostamos de mostrar os extremos da nossa viticultura.

E sobre os vinhos clássicos? Ainda há espaço para novos rótulos numa proposta mais tradicional?

Aurelio Jr – Na mídia, eles tomaram a palavra “tradicional” como algo mais chato e isso é definitivamente um grande erro. Tradicional significa alta experiência em um terroir, vinhos modernos de alta qualidade e focados em mostrar o melhor do Chile. Se há espaço? Até o infinito!

Nos conte um pouco mais sobre os seus vinhos ícones.

Aurelio Montes – Aqui na Montes não fazemos vinhos por fazer, cada um tem uma história, uma lógica, uma razão por fazer. O Folly veio de muitas viagens que fiz para a Europa, pelo Vale do Rhône, que são basicamente Syrah. E comecei a olhar nossas montanhas, nossos rios, nossos vales e pensei, o Rhône e o Chile são muito parecidos, portanto o Syrah deve se expressar muito bem no Chile. Não havia Syrah no Chile. Estou falando do ano de 1994, 95. E disse, devemos tentar plantar a Syrah na montanha chilena, não havia essa variedade no país, fomos os primeiros. Passamos por dois anos de quarentena – no Chile é normal essa ação quando se traz plantas de outros países para evitar que se espalhe doenças ou pragas desconhecidas – alguns anos depois produzimos o primeiro Syrah e foi um resultado espetacular.

Purple Angel é um blend curioso do terroir de Apalta e Marchigue, que são totalmente diferentes um do outro. E eu considerei que a união dos dois terroirs poderia conferir uma maior complexidade ao vinho. A Carménère é um variedade complicada para envelhecer sozinha, depois uns 4 anos em garrafa perde muito.  Sozinha não vai bem, precisa de um companheiro que seja sólido, e neste caso a melhor companhia seria a Petit Verdot. A Petit Verdot tem tudo que a Carménère não tem. Acidez, tanino, é selvagem, produz um vinho musculoso, violento, irreverente. No Purple Angel a Petit Verdot é o esqueleto e a Carménère é a carne. É uma união que traz personalidade, que evolui. Tenho exemplares de 20 anos na minha adega e estão fantásticos. Sem a Petit Verdot isso não seria possível.

Muse, que significa “musa” em português, são mulheres que inspiram a um artista. Este varietal de Cabernet Sauvignon do Vale de Maipo é um vinho que tem uma distinção, nós o vendemos através de um négociant, na Place de Bordeaux, um vinho especial, uma homenagem a todas as mulheres que de alguma forma influenciaram em minha vida pessoal. Minha mãe, minha esposa, minhas filhas e minhas netas. Primeira safra foi a 2019. Estarei lançando a safra 2020 por uma viagem para a Ásia este ano e que finalizo em Bordeaux, apresentando a novidade.

Taita é um varietal de Cabernet Sauvignon de Marchigue, de uma região mais fresca, totalmente diferente do Muse. Eu gosto muito de cavalgar entre os vinhedos e numa cavalgada em Marchigue cheguei até um lugar que tinha muitas pedras redondas. E depois de estudos geológicos descobrimos que essas pedras no passado, foram parte de um Glaciar, há 15.000 anos, quando o gelo se derreteu deixando essas pedras e um solo totalmente diferente, que para a Cabernet Sauvignon é algo muito diferenciado. Taita, safra 2017, é elaborado com 85% de uvas desse terroir específico e 15% de algo secreto que não posso contar.

E qual é o seu preferido? Se é que existe um?

Aurelio Montes – Um dos meus preferidos é o Montes Alpha M. Sou um apaixonado por vinhos de Bordeaux e o M é um corte bordalês com alma chilena. Com este vinho eu queria mostrar ao mundo que nos poderíamos fazer um vinho tão bom no Chile como um francês de Bordeaux. Este é um blend elaborado com Cabernet Sauvignon, em maior parte (80%), seguido de Cabernet Franc (10%), Merlot (5%) e Petit Verdot (5%). Envelhece 18 meses em barricas, 70% em barricas novas e o restante, usadas. Este vinho tem uma história curiosa. Há uns 20 anos numa degustação às cegas um crítico reunião grandes vinhos franceses: Château Lafite Rothschild, Haut-Brion, Sassicaia, Ornellaia, Opus One e Montes M, totalmente às cegas. E o M ficou em segundo, só perdeu para o Chateau Lafite. Ainda bem, perdemos para um dos melhores vinhos do mundo. Se ganhássemos falariam que tínhamos pagado (risos).

Quais são os planos para os próximos anos da Montes?

Aurelio Jr – Continuar mostrando ao mundo que o Chile é um país premium e único.

Aurelio Montes – Nós estamos sempre buscando terroirs diferentes. Eu quando estou voando no meu helicóptero sempre estou à procura de novos lugares, pequenos vales, lugares diferentes que ainda não tenham uma reputação vinícola. O Chile é muito novo, tem apenas 400 anos de vinhas, a França tem 4.000 anos. Ou seja, estamos num país que estamos descobrindo e sempre buscando novas possibilidades.

Mas além do Chile, gosto muito de explorar outros países. Além de onde já estamos, tenho muito interesse em produzir algo no Douro. Tenho grandes amigos por lá e estamos muito próximos de produzir algo juntos em Portugal. E outro projeto com uma vinícola muito importante na Austrália que a única coisa que querem é fazer um projeto conjunto conosco. Estamos estudando as possibilidades dessa parceria, um grande vinho entre Chile e Austrália. Estamos sempre buscando o novo. Essa é a minha gana, buscar o novo, é o que me mantem ativo e vivo. Na hora que isso não fizer mais sentido, estou morto!

Podemos esperar mais novidades no portfólio?

Aurelio Montes –  Vamos desenvolver um espumante na Patagônia chilena, provavelmente um Chardonnay com Pinot Noir pelo método tradicional. Colhemos a uva em maio, agora o vinho está repousando e provavelmente em dezembro colocaremos o vinho em garrafa para a segunda fermentação.

Aurelio Jr – A nossa criatividade não tem limites, estamos sempre à procura de novas aventuras e temos vários projetos em desenvolvimento.

Como foi para vocês receber a notícia que a Montes está entre as 10 melhores vinícolas do mundo? É incrível termos 6 vinícolas da América  do Sul entre as 10 primeiras, não? Finalmente o potencial vitivinícola da América Latina foi reconhecido pelo mundo?

Aurelio Montes – Sim, o mundo se deu conta do nosso potencial. Com as dificuldades econômicas da Europa, o poder dos asiáticos, que está na frente da nossa costa, isso nos deixa em um momento comercial iluminado. Chile e Argentina fizeram uma coisa muito bem, o Uruguai ainda recente, mas se tem algo que estamos fazendo bem é sair mundo afora vendendo nossos vinhos e sempre vinhos com altíssima qualidade.

Aurelio Jr – Viña Montes foi eleita nos últimos 5 anos entre as 7 melhores vinícolas do mundo, inclusive no ano passado, onde fomos eleitos como a 3ª melhor vinícola. A América Latina está levantando a voz e o mundo está definitivamente percebendo as maravilhas que podem ser encontradas no fim do mundo. O potencial vitivinícola desta zona é enorme e, seguramente, continuaremos a fazer muito barulho nos próximos anos.

Os vinhos da Viña Montes chegam ao Brasil com novo importador exclusivo, a Berkmann.

Fotos: Divulgação

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