Depois de um ano sofrido, de muitas perdas no cenário vinícola, regiões produtoras da França comemoram um 2018 excepcional.

2018 está sendo um ano formidável para a França! Não apenas no futebol onde conquistaram o bicampeonato na Copa do Mundo, mas também para o universo do vinho.

O mês de julho desse ano foi o mais quente desde a excelente safra de 1947. Depois de um inverno molhado e uma primavera extremamente úmida, o verão chegou seco e ensolarado, o que possibilitou um estresse hídrico ideal para a vinha, levando a um amadurecimento ideal da planta, culminando numa safra incrível. Depois de um ano tenebroso para os produtores em 2017, quando eles colheram a menor safra desde a Segunda Guerra Mundial,muitos acreditam que o novo ano veio para reparar o passado de perdas.

O outono é a época de colheita no Hemisfério Norte, de temperatura perfeita para as vinhas e para os turistas. Os errantes se deleitam com os dias quentes e as noites frescas, já a maioria dos viticultores franceses se encontram sorridentes, entusiasmados com as perspectivas de um 2018 que não repetirá a desolação de 2017.

Quanto mais ao norte, melhor as uvas se desenvolveram. Vamos, a seguir, dar um breve panorama sobre algumas regiões produtoras da França:

Alsácia

Situada na região Nordeste da França, a Alsácia teve uma de suas colheitas mais adiantadas da história e deve produzir vinhos excelentes. Produtores dizem que safras como esta de 2018 podem ser contadas nos dedos de uma mão. A floração foi abundante, com cachos generosos e a colheita, em alguns lugares, chegou com até 10 dias de antecipação. O clima mais quente será percebido com vinhos mais encorpados e com muita concentração. Mas os períodos de clima mais frio permitiram que a uva mantivesse uma perfeita acidez. Este ano ficou marcado como uma safra generosa, de grande produção.

Bordeaux

Muita chuva concentrada em meados de junho somado as altas temperaturas nas últimas semanas antes da colheita, ajudaram a afastar o fantasma do pessimismo que assolava os produtores de Bordeaux desde o ano passado, mas muitos ainda temiam os males que o mofo poderia causar nas vinhas depois de tanta água e calor. Gavin Quinney, do Château Bauduc, contou que uma das piores tempestades de granizo dos últimos tempos atingiu os vinhedos no fim de maio e afetou Sauternes e partes de Graves no dia em que a França ganhou a Copa do Mundo. Para outros, um mês de junho quente e chuvoso estimulou a propagação de mofo, o que gerou uma expectativa de grave perda de uvas.

Mas as altas temperaturas do fim da temporada de colheita, uma exposição de 10 horas de sol por dia, aumentou a confiança dos produtores depois que os níveis de açúcar começaram a subir e as uvas a amadurecer por completo. As chuvas na hora certa, no fim da colheita, somado as temperaturas frias da noite, proporcionaram uma rica complexidade aromática e polifenólica nas vinhas. Prenúncio de uma safra especial, assim como foi a de 1990 e 2010.

Borgonha

A preocupação com a chegada das chuvas é inevitável na Borgonha, então a possibilidade de colher mais cedo as uvas, com até três semanas de antecedência, foi uma alegria para os produtores. O bom clima no momento do amadurecimento das uvas, e a chuva no final de agosto que possibilitou uma acidez especial aos vinhos, deixaram grandes expectativas principalmente para os vinhos brancos da região, que prometem sabores florais e frutados. O verão extremamente quente e seco veio a calhar depois de uma primavera úmida que ameaçou criar mofo, e a chuva no fim de agosto, vão permitir uma safra memorável na Borgonha.

Champagne

Graças as altas temperaturas, a região de Champagne teve colheitas com até 15 dias de antecipação, segundo o Ministério da Agricultura. As tempestades tiveram apenas um pequeno impacto na produção e a colheita foi declarada ‘exceptionnel’. Tanto é que o entusiasmo é grande entre os produtores que acreditam ser muito difícil vivenciarem outra safra tão boa nas próximas décadas. O amadurecimento precoce das vinhas também reflete o impacto que as mudanças climáticas estão causando na região.

Apesar das boas notícias em 2018, a safra global na França está se recuperando, e teve um crescimento de 25% em relação a 2017, de acordo com o Ministério da Agricultura francês. Para os consumidores de vinho, uma notícia muito boa.

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