Os modismos no universo de Baco vêm e vão! Houve momentos em que o vinho rosé foi considerado um produto de qualidade duvidosa, hoje transita nas taças dos apreciadores como sinônimo de sofisticação. Tem anos que a bola da vez é a uva “X”, no ano seguinte muda, assim como a moda, e outra variedade chega com tudo. Acho as novidades muito válidas, principalmente quando elas chegam para agregar experiências e somar com as características climáticas do lugar. Vivemos num país tropical onde as temperaturas, na maior parte do ano, são altíssimas, então por que não nos entregarmos às novas experiências e apreciar?

Refiro-me ao consumo de espumantes e champagnes com gelo. Quando a maison Moët & Chandon lançou a controversa versão Ice Impérial, um champagne desenvolvido especialmente para ser consumido com gelo, muitos torceram o nariz e rogaram para que o “sacrilégio” – sim, muitos diziam ser inadmissível colocar gelo num champagne – acabasse logo. Mas os anos se passaram e o que seria para alguns mais um modismo, vem se mostrando um estilo de consumo que segue firme e forte, e mais, já aparece no mercado produtos com preços mais acessíveis para ser apreciado por bolsos mais modestos, mas não menos curiosos.

Água no champagne? Não é bem assim e não é para qualquer champagne.  Quando o Maître de Cave da Maison Moët & Chandon, Benoît Gouez, idealizou essa proeza, desde o início, ele percebeu que alguns pontos na elaboração do vinho espumoso seriam diferentes de um produto normal.

Para ser consumido com três pedras de gelo, e já antevendo uma diluição na taça, Benoît já partiu de uma ideia que o líquido deveria ser mais rico e estruturado do que um clássico champagne. Através das uvas Pinot Noir, Pinot Meunier e Chardonnay criou um néctar com notas florais, especiarias doces como o anis, frutas vermelhas, além de um toque de menta que realça a refrescante experiência com o gelo.

A proposta de consumo desse produto sempre foi direcionada para poucos. Primeiro pelo preço, afinal a garrafa custa aproximadamente R$ 440,00, segundo, pela maneira como o produto foi distribuído no início, em edição limitada, sendo comercializado apenas na estação mais quente do ano e em pontos estratégicos do país. Lá fora, por exemplo, inicialmente apenas St. Barths, St. Tropez e Ibiza ofertavam a novidade. No Brasil, os pontos mais badalados da costa brasileira como Trancoso, Búzios e Jurerê Internacional foram os escolhidos para lançar o produto, assim como restaurantes selecionados a dedo. Com certeza a atmosfera de exclusividade que se criou para o consumo deste produto foi um dos grandes segredos do sucesso do consumo das borbulhas “on the rocks”.

Com um intuito de atender um mercado mais abrangente, a Chandon lançou na temporada de verão seguinte o espumante Passion on Ice, assim como a prima “rica” da maison francesa, um exemplar borbulhante demi-sec,  com um custo muito mais acessível, mas que foi concebido com a mesma proposta de estrutura para ser consumida com duas pedras de gelo. O maracujá, o pêssego e a lichia estão presentes no paladar e o toque de rosas do aroma, mixados com gelo deixam a bebida mais suave e delicada. Depois outros exemplares surgiram como a Veuve Du Vernay Ice, das importadoras Porto a Porto e Casa Flora, que chegou também na versão rosé e o cava Freixenet Ice Rosé. O Brasil também já produz um espumante nesse estilo, o Muf’s Reserva Ice Rosé, elaborado com uvas de Bento Gonçalves, é o primeiro Ice Rosé do país, lançado pelo grupo Muf´s.

É importante lembrar que a ocasião muitas vezes sobrepõe as “regras” de consumo. Este é um produto ideal para ser consumido num momento de descontração e relaxamento. Perfeito a beira do mar ou da piscina, onde o que se procura é justamente isso: uma bebida refrescante e descompromissada, onde a sua única preocupação seja apenas de não deixar as borbulhas esquentarem na taça.

 
Sugestão de preparo:

Servir em taça de boca maior (como a de vinho branco), aproximadamente 120 ml, adicionados de três cubos de gelo. Para melhorar a experiência, é possível acrescentar folhas de hortelã, lascas de gengibre ou pepino.

Fotos: Divulgação

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